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Foto do escritorSara & Felipa Educa_são

O que a natureza me ensinou sobre a maternidade ...

Uma das coisas que mais me encanta no viver a norte no hemisfério norte é a mudança das estações e as suas diferenças tão marcantes, os sinais de mudança e as completas transformações. Principalmente nesta altura de pré-primavera, em que depois de uma semana de neve intensa, descobrimos as primeiras flores ( as campainhas e o crocus (flor de açafrão)), os botões nas árvores a despontar, os pássaros no seu canto de nidificação, é mágico!

Estas mudança de estações na natureza lembram-me que as transformações nem sempre são suaves, podem ser incertas e tumultuosas, mas no entanto sempre rítmicas e constantes.

Como disse, há duas semanas estava tudo coberto de neve e hoje está tudo a despontar! E isso levou-me a associar a natureza em nós, no processo de nos tornarmos pai ou mãe.


Após o dia do parto nada é como dantes, sejas homem ou mulher. Nunca iremos voltar ao que éramos depois do parto, e isso é algo que ninguém nos diz!

A partir do dia em que um bebé entrou na nossa vida tudo muda, e mais ainda nós mudamos, nós adultos que rodeamos aquela criança nunca mais seremos os mesmos. Entramos todos numa nova estação da nossa vida.

Antes de ser mãe eu tinha uma série de certezas e garantias e principalmente, sendo formada em educação de infância, pensava que estava preparada para o que aí vinha. Mas a verdade é que, nada me preparou esta nova estação da minha vida.

Ok... Eu sabia como dar de comer a um bebé, mudar-lhe a fralda ( e mesmo estas acções reaprendi e vi o quão incompleto era o que me tinham ensinado), conhecia as doenças infantis e as etapas do desenvolvimento infantil, e outras coisas mais, mas isso é uma parte ínfima das ferramentas de uma mãe ou pai, nada tem que ver com a parentalidade.


Descobri que ser mãe é feito à custa de lágrimas e gargalhadas, e outros turbilhões de emoções. Que todos nós nos reinventamos como pai ou mãe, pois o que lemos nos livros e escutamos dos amigos, conhecidos e especialistas, pode ser dito e partilhado com as melhores das intenções, mas não quer dizer que nos sirva necessariamente a nós e à nossa família.


Olhando a natureza percebi que este processo tinha um ritmo e percurso próprio, individual, que iria estar repleto de “intervenções externas e alterações climáticas”, mas que teríamos de ultrapassa-los e manter a essência da nossa família.

( E creio que todos e todas nós já sentimos o quão errado poderá ser o nosso percurso quando deixamos de escutar a nossa essência, o nosso instinto e biologia...)

Fui percebendo que este é um percurso em que cada dia pode ser uma estação, ou as quatro em simultâneo. E que este nunca está completo, que haverá sempre algo a descobrir, que o mais importante é estarmos despertos para os sinais da nova estação.


E de repente entendi, que nós somos a base, nós somos a terra, mas que no entanto temos "enterrados" em nós os princípios e valores que nos transmitiram mas que muitas vezes essa terra tem de ser revolvida. Qual o nosso verdadeiro solo? Temos de retirar as pedras que não nos servem e plantar as sementes da relação que queremos ter com os nossos filhos. E tal como a terra nutrimos os nossos filhos e para isso temos de nos nutrir, uma e outra vez.

De que somos como o ar, leves, expansivos, temos a capacidade de criar/dar espaço interior e exterior a tudo e a todos a nosso redor.

E como o fogo, enérgico e que age rapidamente, catalisa as mudanças... que pode destruir para purificar e fazer renascer, e ao mesmo tempo também dar calor.

E finalmente como a água temos a capacidade de fluir, contornar obstáculos e encontramos novos caminhos. E, como a água temos a força e a persistência de furar qualquer rocha no nosso caminho... De encontrar contornos e desvios e criar o nosso caudal individual.

Por isso acredito que nós mães e pais estamos mais preparados para enfrentar qualquer adversidade do que queremos acreditar, tal como a Natureza. Apenas não nos podemos esquecer da nossa Natureza, temos de abafar o ruído e voltar a escutar o nosso Centro.

Encontrar os elementos dentro de nós.

Eu sei que por vezes é difícil e que parece que tudo nos foge, e muitos de nós estamos assoberbados neste momento, mas acredita que tu és capaz. Pára, respira e repensa, vai para a natureza e espera que ela te lembre quem és!


E lembra-te, tal como na Natureza, o hoje será um dia apenas mais uma estação incerta, inconstante e tormentosa, que nos trará em breve uma primavera de renovação, mudança, e esperança.

E mais uma vez, talvez não voltes a ser o mesmo ... mas sim alguém renovado e mais forte!


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