As férias estão à porta, e para muitos poderão até já ter começado.
Para os pais os longos meses de verão apresentam uma série de problemas logísticos e de coordenação. A verdade é que a maioria dos adultos não tem mais de 25 dias de férias por ano, e que estes têm se ser repartidos, ao longo do ano lectivo e, muitos de nós, não tem uma família alargada onde possa "largar" os miúdos.
A gestão familiar deste tempo é sempre complicada e muito há a resolver nesta situação, mas não é disso que trata o nosso texto hoje (talvez um próximo). Vamos sim falar de trabalhos para férias, e do que costumamos lembrar aos pais, quando nos pedem sugestões de como gerir as exigências da escola e ao mesmo tempo "ocupar" as nossas crianças durante os longos meses de verão.
Este texto é para todos, pais e educadores, os que vivem e/ou passem férias em todos os tipos de vizinhança: áreas rurais, suburbanas ou urbanas densamente povoadas, e em todo o tipo de instituições ensino, e com todo o tipo de orçamento .
Sabemos reconhecer que diferentes vivências levam a que se experiencie as férias de maneiras diferentes. Mas penso que todos concordamos que férias, como está no dicionário, é um período de descanso a que têm direito empregados, servidores públicos, estudantes, etc., depois de passado um ano ou semestre de actividade. ( in dicionário oxford)
Mas a realidade? Temos duas grandes diferenças na percepção do que são férias escolares entre os países do norte e do sul da Europa.
Para quem não sabe, queremos esclarecer aqui que, ao contrário de Portugal e do sul e leste da Europa, os países mais a Norte, dispõem na generalidade de "apenas" seis semanas de férias de Verão.
A primeira curiosidade é, como os nórdicos fazem a divisão destes dias de férias, na sua maioria.
A antecipação das férias começa na maioria das escolas no terminar do ano lectivo, em que a partir do 5/6 ano geralmente, há um acampamento escolar, que dura entre duas noites a uma semana. Ou seja, uma semana antes do calendário encerrar, já estão professores e alunos fora do ambiente de escola.
Outra curiosidade é todos os níveis de ensino terem o mesmo calendário escolar, aproximadamente, ou seja não há filhos a entrar de férias cada um a seu tempo. E, todos os calendários são conhecidos com a antecedência de um ano lectivo (no mínimo) para as famílias se poderem organizar e .... marcar férias! Não há surpresas, ou mudanças, e as férias para os nórdicos são sagradas.
As famílias, quando vão para férias, dividem os seus dias entre viajar, dentro ou fora do país, sejam estas viagens mais culturais ou mais desportivas e de lazer, mas imperativamente todos, ou quase todos, despendem uma semana em família (pelo menos ) a acampar, ou numa cabana na floresta à beira de um lago! Isto independentemente de terem passado as outras semanas na cidade, na praia ou a escalar montanhas! ( Há mesmo quem passe as semanas todas do verão, todos os anos, no mesmo sítio. O que hoje parece uma raridade, estranho, ou não? )
Os nórdicos são famosos por afirmarem, que não há mau clima, apenas há roupa inapropriada. E nós, pelo nosso lado, vimos uns pingos de chuva e vamos para dentro, não nos vamos constipar! Curioso, não? E no Verão (o verão com que passamos o ano inteiro a sonhar) muitos fechamos os estores, vamos para dentro porque está demasiado calor! Claro que sabemos que há dias e horas em que é mesmo uma necessidade. Mas e todas as horas e dias mais amenos? Ou de chuva? Para os nórdicos não há diferença, férias é para estar na natureza, faça chuva ou faça sol, esteja frio ou calor, é para estar lá fora! Já voltaremos a este tópico.
E a maior das curiosidades, visto o tema deste post, é que, na sua maioria, as crianças não trazem trabalhos para as férias! Aliás o conceito de trabalhos de casa poderá dar um post só por si, mas esta é a verdade, a não ser nas escolas internacionais ( na generalidade, poderá haver excepções), o conceito de trabalhos para féria é um absurdo para a generalidade das escolas no norte da Europa!
E acrescentamos, para nós também.
Então, é suposto ser férias, ou não?
Este conceito, dos trabalhos para férias, a nosso ver é perverso e não traz benefícios nenhuns. E vamos a explicar o porquê.
Por favor acompanhem-nos no nosso "suponhamos"...
É o último dia antes de vocês entrarem de férias, estiveram meses a ansiar por este dia, cansados, a precisar de desligar, a desejar passar tempo com a família e amigos, sem estar preocupado com e telefone ou o email.
A sonhar com sol, mar, areia, verde, camas de rede e bebidas refrescantes, refeições lentas e... entra o/a vosso/a chefe e diz: " Aqui tens uns dossiers, e tens uns ficheiros no teu email para consultares todos os dias ( de preferência), para dividir a coisa. Assim revês o que foi dito e escrito ao longo do projecto, este ano, é só para não te esqueceres do que andámos aqui a fazer...
E também acrescentei uns livros, que considerei serem importantes para colmatar as tuas dificuldades, em determinadas áreas, era bom fazeres um resumo sobre estes para partilhares connosco quando regressares.... mas sem stress!
E já agora aquelas dúvidas que ficaram, não tens um amigo, ou pai, ou vizinho que te possa explicar aquilo que nós não conseguimos fazer o ano inteiro? Talvez pagares a um consultor? É que isso está a atrapalhar a nossa revisão anual. Mas sem stress... Boas férias, sortudo/a!"
(Pedimos desculpa, mas qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, e não queremos causar pesadelos a ninguém.)
Estão connosco?!
Possivelmente para muitos partes deste discurso, com outras nuances, não será uma ficção anedótica completa, ao que podemos apenas dizer, lamentamos, esperemos que mudanças estejam a caminho!
Mas a realidade, é que, para aqueles que parte deste "suponhamos" que criámos é verdade, a realidade assenta em que, desde pequenos que a nossa noção de férias foi acompanhada de trabalho, pela escola, ao longo dos tempos! Fomos, desde pequenos, todos bem endoutrinados a por o trabalho à frente do nosso próprio bem estar, pedimos desculpa mas esta é a realidade!
Lentamente, como a história do sapo que está dentro da panela que aquece lentamente, fomos nos deixando cozer, ou seja, aceitámos que prescindir dos nossos direitos faz parte de ser um estudante/trabalhador competente e de sucesso! E o que vos temos a dizer? Olhem para a realidade à vossa volta e vejam se é isso que constatamos, estão os países do sul à frente dos do norte da Europa, seja em que ranking for?
Mas a verdade, é que a maioria de nós, quando vai de férias, nunca desliga do trabalho e aceita que o trabalho faça parte das nossas férias! E incutimos isso nas nossas crianças desde pequenas. Percebem porque dizemos que é perverso?
No norte da Europa, além dos sindicatos e das leis do trabalho terem tudo isso bem definido, a maioria dos funcionários não se dignará a abrir o email ou atender a chamada, e os que o fazem hoje, é porque temos as multinacionais que americanizaram o mercado de trabalho, mas a maioria rapidamente te lembrará: " - Estou de férias, lembra-me disso dia...!" Para muitos isto parecerá falta de profissionalismo, para nós, são prioridades bem estabelecidas!
Porque as férias são isso mesmo, é tempo livre para recarregar baterias, repor criatividade, estar com os nossos, a fazer o que não temos tempo durante o resto do ano que estivemos a trabalhar.
De onde virá então a ideia dos trabalhos de férias para as nossas crianças? Parece que temos uma ideia, ou não? E porque é que, a cada década, aumenta esta carga?
Nós somos do tempo, em que fazíamos cadernos de fichas nas férias, já na primária claro, ( o ensino básico de hoje), mas porque estávamos a "brincar às escolas", não porque alguém nos tivesse dado esse encargo! Mas lembramo-nos de ser nós a pedirmos para nos comprarem esses cadernos, porquê? Porque não era obrigação, e a nossa vida académica, ou inteligência não dependia da nossa capacidade de os preencher convenientemente. Era a brincar!
Qual será então o propósito dos trabalho de casa para férias? Agradecemos a todos aqueles, que em resposta a este post, nos exponham as vossas descobertas. Se houver alguém que nos consiga explicar que os trabalhos de casa de férias são benéficos para as crianças, por favor não hesite. Gostaríamos mesmo, a sério, já devem saber, por esta altura, que adoramos trocar ideias, e podemos vir a encontrar outras perspectivas.
Hoje em dia conhecemos até quem, no pré-escolar envie cadernos de fichas para as crianças fazerem nas férias. Percebemos que, muitas vezes isto acontece em resposta a pedidos dos pais, que não sabem como ter os filhos ocupados, e têm a ideia de que estão a dar um avanço nas aprendizagens das suas crianças, mas nós educadores, como alguém que sabe o que é verdadeiramente importante em educação, podemos lhes dizer que: - há outras soluções!
Soluções que não fazem com que as nossas crianças passem a detestar e temer o trabalho individual ( pois este é normalmente o resultado observado).
Mais ainda esta solução está à disposição de todos, não exige investimento, nem habilitações académicas e garantimos que as vossas crianças regressarão em Setembro renovadas e com mais energia e disposição para aprender! Interessados?
Damos uma dica...
Memórias boas que temos das nossas férias de verão em crianças, além do tempo infinito, são as horas do calor, quando saímos da praia e íamos comer, brincar e descansar numa mata, ou parque próximo, e depois regressávamos à praia. Os primos, os filhos de amigos, os vizinhos, de várias idades, todos a brincar e a explorar, a criar jogos. São as horas infinitas a construir castelos de areia e diques, e decorá-los com conchas, fazer o fosso encher de água, sem ruir as pontes... O aborrecimento de não ter nada para fazer, e tanto tempo livre... e descobrir/inventar nesse tempo de tédio a nossa nova brincadeira ou projecto de eleição! Quais as memórias que têm dos verões das vossas infâncias?
Ou seja, já devem ter percebido qual a nossa sugestão de eleição, quais os trabalhos de férias que vamos recomendar, em caso de dúvida: Natureza, Partilha e Tempo!
E porquê? A Natureza, o e estar lá fora, aos elementos, é fundamental para um desenvolvimento saudável e harmonioso, quer psíquica como fisicamente. Mente sã em corpo são! E isto que quer dizer?
Se durante o ano, não temos tanto tempo assim de estar lá fora, vamos usar as férias para o fazer! Não há desculpas, não há impedimentos, é só sair de casa!
Hoje em dia temos variados estudos que confirmam o papel fundamental da Natureza para o um desenvolvimento sadio, inclusivamente já temos provas que as experiências no mundo natural podem reduzir os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, servem como um "travão" para a depressão e a ansiedade, ajudam a prevenir ou reduzir a obesidade e a miopia, estimulam o sistema imunológico e oferecem muitos outros benefícios psicológicos e de saúde. Além de que, o tempo passado na natureza melhora os laços sociais e reduz a violência social, estimula a aprendizagem e a criatividade, fortalece a consciência da necessidade de preservação e sustentabilidade e até pode mesmo ajudar a aumentar as pontuações de testes padronizados! Ou seja, tudo o que qualquer pai ou cuidador deseja! Temos aqui a solução mágica! O único trabalho de férias que faz sentido!
Ou seja, a natureza, como experiência sensorial, para todas as crianças e adultos, é uma solução para a prevenção, entre tantas outras coisas, da disfunção sensorial. E hoje em dia, muitos pais e cuidadores já sabem que quanto mais restringimos os movimentos das crianças e as separamos da natureza, mais desorganização sensorial vemos. Então aproveitemos as férias e vamos fazer estes "trabalhos de casa"!
Por isso, a todas as crianças recomendamos como "trabalhos de casa para as férias": - NATUREZA! Se querem que os vossos filhos regressem em setembro fortalecidos e energizados, com maior clareza mental e criatividade: vão lá para fora com eles, melhor ainda "mandem-nos" lá para fora! Claro que, hoje em dia, temos todos as sugestões de campos de férias, as Escolas na Floresta ou Natureza com actividades de verão, com propostas interessantíssimas, mas também sabemos que estas ficam preenchidas rapidamente e muitos de nós, não tem a capacidade financeira para colocar os seus filhos nestes espaços. Mas cada um de nós pode ter a sua Escola na Floresta ou Praia durante as férias!
Por isso, senão o fazem ainda, este Verão, coloquem a natureza no calendário!
Se planearem os compromissos e as férias da família com antecedência, façam o mesmo para o tempo que será passado na natureza, ao ar livre, incluam-na na agenda.
Se quiserem dar-lhe um nome extravagante, para parecer que é algo sofisticado e novo, digam que vão praticar o “Friluftsliv”. O “Friluftsliv” é um termo norueguês, centenário, que se traduz aproximadamente como “vida ao ar livre”. É uma ideia geral de estilo de vida que promove a actividade ao ar livre como ideal para todos os aspectos da saúde humana. O protocolo é bastante simples - ficar o máximo possível do lado de fora. Daí os nórdicos ( não só os noruegueses) passarem grande parte das suas férias na natureza, acampados ou em cabanas nas florestas e lagos!
E sabemos que muitos de vós já leram as pesquisas, escutaram o Professor Carlos Neto e tantas outras vozes, que como nós, defendem o devolver a criança ao exterior! Portanto, senão o conseguem durante o ano, recomendem-no ou vivam-no nas férias!
Quem observa as crianças quando brincam em espaços naturais, constata como elas estão muito mais propensas a inventar os seus próprios jogos e brincadeiras e todos sabemos que este é um factor chave para se tornarem mais auto-dirigidas e inventivas posteriormente na vida. E esta é outra verdade, a criatividade e a aprendizagem ao longo da vida podem ser estimuladas simplesmente por passarmos mais tempo na natureza. Não é ao fazer trabalhos em fichas ou livros!
Podem começar por comprometer-se a permanecer na natureza por um período mínimo de tempo todos os dias, ou um certo número de dias. Mas façam-no!
Por isso resolvemos deixar aqui actividades simples na natureza e explicar como ajudam à construção da consciência sensorial, e a um desenvolvimento harmonioso, e ao despertar da mente, e o melhor? Podem ser feitas em locais totalmente públicos e são totalmente grátis (fora a deslocação).
Brincar em poças de lama, ou na areia molhada. Enquanto as crianças manobram a lama ou a areia, elas testam o seu equilíbrio, habilidades de rastreio visual e envolvem os seus sentidos tácteis (toque) enquanto procuram por tesouros escondidos.
Escalar a uma árvore, testar os ramos, ensina habilidades de segurança. E a árvore oferece uma experiência natural de toque e activa o sentido vestibular (equilíbrio).
Ouvir e identificar os sons dos pássaros ajuda as crianças a desenvolver a consciência espacial e estimula a audição e a visão.
Descer colinas relvadas, ladeiras e dunas. Rolar por elevações fornece pressão profunda necessária aos músculos e ligamentos, o que melhora o equilíbrio e o sentido proprioceptivo nas articulações e nos músculos. Este sentido é fundamental para ajudar as crianças a regularem com precisão a quantidade de força a ser usada ao brincarem a jogos como a apanhada, ou usar um lápis sem quebrar o bico, ou segurar uma rã, um gatinho, etc., sem apertar muito.
Caminhar ou correr em ambientes naturais: correr pela floresta melhora o equilíbrio e ensina as crianças a navegar pelo ambiente. Quando as crianças caminham sobre troncos ao ar livre, há outros sentidos que também são activados: as sensações de húmido versus seco, rugoso versus macio, barulhento versus silencioso, as mudanças de temperatura, etc. (Experimentem descalços e calçados, vejam a diferença)
Construir fortes, cabanas e casas na árvore. Estas atividades ajudam as crianças na resolução de problemas, na criatividade e no planeamento. Elas aumentam a quantidade de entradas sensoriais que as crianças experimentam, ao mesmo tempo que acendem a sua imaginação e estimulam a resolução de problemas. (ver imagem)
Todas estas actividades e tantas outras que surgem naturalmente na natureza, despertam e "trabalham" os sentidos e reflexos das crianças, e despertam as capacidades cognitivas.
Tornaria o testo muito exaustivo, explicar o benefício de cada uma das actividades, por isso passamos apenas a sugestões de actividades que recomendamos para as férias todas facultativas, e apenas se algumas crianças necessitarem de algum incentivo ( poderemos falar disso brevemente), mas possivelmente se lhes derem tempo, espaço e natureza, muitas surgirão naturalmente.
Fazer bolas de sabão, experimentar também fazer bolas com canudos ou ramos em "v", ou dois paus e cordel (ver imagem);
Lavar ferramentas, brinquedos, roupa, água e sabão ao ar livre fazem maravilhas...
Criar uma grande tecelagem ao ar livre usando videiras, flores, fios, vimes, paus gramíneas, e outros objetos encontrados. ( ver imagem)
Tirar as ervas daninhas do jardim, ou dos vasos para quem tem varanda.
Regar as plantas, colher flores, fazer arranjos.
Virar e peneirar areia, composto, terra, ...
Saltar muito à corda, isto para as crianças mais velhas (5/6 anos em diante)
Apanhar lixo, e fazer a sua separação, na floresta, na praia, etc...
Limpar a vegetação rasteira de um caminho numa área florestal, ou ajudar um vizinho ou familiar a limpar o jardim.
Varrer... com vassouras feitas à mão, fazer pequenas vassouras fixando um aglomerados de agulhas ou ramos, num ramos com um fio/corda. E quem sabe depois levantar voo, qual Harry Potter? ( ver imagem)
Construir um banco, mesa, com troncos de árvore e tábuas.
Apanhar madeira ou galhos e serrar para fazer construções.
Construir cercas ou bordas para um jardim ou caminho com galhos ou pedras, ou simplesmente para brincar.
Tecer cestos usando vimes cortados.
Esculpir, lixar ou raspar madeira para se tornar uma colher, um a varinha mágica, uma cana de pesca, o que se quiser...
Cortar canas para fazer pequenas flautas
Fazer caminhadas em família e/ou com amigos, com bússola, desenhar os próprios mapas ao longo do caminho, colher recordações para a mesa da natureza ( num post futuro).
(Se precisarem saber o que proporcionam certas actividades, contactem-nos directamente, ou apareçam no nosso Workshop)
Portanto, com estas e outras actividades, acordamos os sentidos ou despertamos sentidos sub-utilizados, o que enriquece a vida quotidiana e pode ter aplicação prática na escola e no trabalho. Só boas notícias, certo?
E agora vamos terminar a falar de tecnologia, sabemos que a tecnologia digital pode ser muito útil ao ar livre. E o desenvolvimento de uma mente híbrida ( post futuro, se estão muito curiosos venham ao nosso Workshop) também inclui o uso de tecnologia dentro e fora da natureza. A tecnologia está aí! Senão fosse ela, não estaríamos aqui a falar com vocês.
Só que no entanto, esta pode ser uma barreira formidável para a vivência da natureza. A questão aqui, não é que a tecnologia seja má para as crianças ou para nós adultos, mas que a imersão eletrónica diária, mensal, anual, ao longo da vida, sem uma força para equilibrá-la, está provado que esgota a nossa capacidade de prestar atenção, pensar com clareza, ser produtivo e criativo.
E a verdade é que estamos sempre a usar tecnologia. Uma cana de pescar é tecnologia, binóculos, bússolas, uma máquina fotográfica, e até uma mochila, são tecnologia. E, nestas experiências naturais, as crianças e adultos só têm benefícios em escolher a opção de usar o equipamento tradicional destas últimas tecnologias médias. Deixemos nestes momentos o nosso cérebro descansar da tecnologia eletrónica, e acordemos os sentidos apenas! (Espreitem quando chegarem a casa quantos passos deram ou km andaram! Se tiverem mesmo de o fazer... e vão buscar o velho mapa de papel. )
E como reforço da ideia, já não é surpresa mas convém recordar, muitos líderes em tecnologia fazem retiros "fora da rede". Eles sabem, melhor que ninguém, que precisam de tempo para reiniciar e que o tempo na natureza estimula a sua criatividade. E também já devem ter lido que, os seus próprios filhos, têm limites no acesso à tecnologia: trinta minutos a duas horas de uso de tablet ou smartphone por dia (dependendo da idade e não antes dos 12 Anos); e as crianças entre os dez e os quatorze anos não utilizam computadores nas noites de escola, apenas para trabalhos de casa.
Lembramos a história do repórter do New York Times que certa vez perguntou a Steve Jobs: “Então, os seus filhos devem amar o iPad, não?” a resposta de Jobs: “Eles nunca o usaram. Limitamos a quantidade de tecnologia que os nossos filhos usam em casa. ”
Ele possivelmente saberia do que falava, não? Portanto quanto mais tecnologia eletrónica durante o ano, mais natureza durante as férias para repor o equilíbrio, ou pelo menos, tentar!
Lembramos, a Natureza deve ser o antídoto para o stress, não a sua causa. Como tal, este não é um texto sobre de deveres, mas sim possibilidades. Com isso em mente, senão sabes por onde começar vai uma sugestão: escolhe cinco ideias deste texto, experimente-as e volta para ver outras mais, mais tarde, se o desejares. Enquanto isso, relaxa. Olha para as nuvens. Ouve e sente o vento. Caminha descalço na terra. E sonha com as férias que aí vêm...
Se quiseres explorar este tema mais a fundo connosco, junta-te ao nosso Workshop!
Recursos:
Os nossos favoritos, no entanto sabemos que o primeiro não é muito barato, mas podes procurá-lo na biblioteca da tua área! ( Não temos qualquer associação com estas referências. )
Lá Fora! de Inês Teixeira do Rosário e Maria Ana Peixe Dias; Ilustração: Bernardo P. Carvalho da Planeta Tangerina
Vitamin N, de Richard Louv, da Atlantic Books
LEITURAS PARA FÉRIAS ( se é que ainda não os leram):
Libertem as Crianças- A urgência de brincar e ser ativo - de Carlos Neto
Deixem-me arriscar - de Joana Silva
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