Vamos começar por vos contar a história da Ana, do João e da pequena Maria.
A Ana e o João acreditavam que uma criança que chora era um sinal de uma parentalidade incompetente. Como tal, desde o dia que nasceu, a Maria viveu num ambiente acolhedor e protegido. Os seus pais antecipavam todas as suas necessidades e silenciosamente removiam qualquer obstáculo no seu percurso antes mesmo que ela pudesse perceber a existência do mesmo. Ela viveu todo o seu primeiro ano de vida acolhida e feliz. . . mais ainda porque durante a pandemia o círculo de relações da família era muito restrito. E com os seus pais a anteciparem todas as suas necessidades a Maria era um bébé "sempre a rir".
Mas chegou o dia em que João e Ana tiveram de regressar aos seus trabalhos fora de casa e , como tal, João e Ana decidiram que Maria iria para a Creche. E assim subitamente, o paraíso idílico onde Maria e os pais viviam virou purgatório. A vida familiar livre de conflitos e obstáculos de Maria chocou logo no primeiro dia de entrada na creche com a realidade da vida!
Maria tinha já dois anos e meio, por isso os pais escolheram um espaço que tivesse continuidade para evitar muitas mudanças. E tudo estava a correr muito bem , o espaço que os pais tinham escolhido parecia estar de acordo com os seus valores, teriam tempo para uma integração a seu ritmo, e era perto de casa. Só que, no final da manhã do primeiro dia, Maria estava sentada num cavalo de baloiço e um menino veio ter com ela a sorrir, ela que saira do colo da mãe há minutos, imediatamente levanta da mão e belisca a bochecha do menino com bastante força. O menino não reagiu imediatamente, ficou espantado a olhar para Maria. Mas Ana levanta-se imediatamente, retira a mão de Maria e, num misto de chocada e zangada explica que beliscar magoa e que não se fazia isso. Maria olha espantada para a mãe, copia o gesto de Ana e acaricia a bochecha do menino. A situação parecia resolvida.
Cerca de 20 minutos depois, a mesma criança volta a aproximar-se de Maria agora no espaço exterior, os adultos observaram o que parecia ser um abraço e sorriram. Mas, tarde demais, perceberam que Maria estava sim a morder o ombro do menino e este desmanchou num pranto ao sentir a dor. Houve um alvoroço geral. Ana reagiu correndo e gritando pensamentos vários como que não havia violência em sua casa, que não queria que a Maria aprendesse essas coisas com as outras crianças, como era possível que a sua "menina sempre a rir," expressasse aquele comportamento. Maria chorava sem perceber o que tinha acabado de acontecer, o outro menino também. Os educadores tentaram primeiro tranquilizar as crianças e depois tranquilizar Ana, que estava verdadeiramente abalada e incrédula com o sucedido.
Muito de vocês conhecem possivelmente histórias semelhantes a esta. É natural, são cenários que se repetem pelo mundo fora, especialmente com crianças em idade de creche. Por muito que nos custe assistir sabemos que estas são situações comuns e que fazem parte do cenário da infância.
Mas, especialmente para "pais de primeira viagem", que se esforçaram para oferecer aos seus filhos experiências valiosas que também viveram ou todas aquelas que não tiveram a oportunidade de viver na sua infância, esta é uma situação que os coloca "sem chão". Muitos pensam (se foi a sua criança o agressor) onde erraram, ou ( se a sua criança foi a vítima) que os outros pais erraram e alguns até temem que os seus filhos fiquem traumatizados.
O que acontece é que, muitas vezes, idealizámos uma realidade do que vai ser o suave crescimento dos nossos filhos e muitas vezes caímos na pretensão de que vamos conseguir cercá-los numa bolha perfeita de harmonia. Mas a verdade, é que mesmo que este objectivo pudesse ser alcançado, como pais não estaríamos a atender às verdadeiras necessidades da criança ao fazê-lo. Vamos explicar porquê.
O que a Ana, na situação acima, não conseguia entender é que mesmo que possamos aliviar momentaneamente a angústia de outra pessoa, não podemos retirar o sofrimento ou o conflito da vida dela para sempre. E que na verdade, tentar fazer isso pode realmente prejudicá-la e piorar as coisas para a criança que estamos a tentar proteger dos obstáculos da vida.
Todos temos como garantida a experiência de não conseguirmos o que queremos e não sermos instantaneamente gratificados, sabemos que faz parte da vida. E que, à medida que crescemos, haverão inúmeras coisas que teremos de fazer/viver diariamente que não serão necessariamente sempre do nosso agrado ou vontade. Coisas injustas acontecem, independentemente de quem sejamos.
Ao tentar proteger as pessoas que amamos do processo natural da vida, roubamos-lhes a capacidade de desenvolver a força e a resiliência de que precisam para superar circunstâncias desafiadoras.
Se nunca tirarmos o plástico de bolhinhas e raramente dissermos não, a criança pode se tornar incapaz de tolerar ou gerir as inconveniências da vida – ela exigirá gratificação instantânea e, com o tempo, desenvolverá problemas de controle de impulsos, o que já é uma dificuldade característica da criança pequena devido à imaturidade do seu cérebro.
E certas características na parentalidade podem tornar a aceitação e o olhar objectivo sobre o conflito e os desafios mais difícil de alcançar. Características como: a indefinição de fronteiras entre pais e filhos, especialmente comum durante os primeiros anos; um desejo excessivo por parte dos pais de oferecer aos filhos uma infância "perfeita"; um medo exagerado de qualquer tipo de frustração, conflito, queda ou algo semelhante. Tudo sempre com as melhores das intenções, mas a verdade é que, muitas vezes, ao cair nestes comportamentos, podemos estar a impedir os nossos filhos de aprender a coexistir com os outros.
Porque, no mundo real, muitas vezes há problemas no paraíso. Além disso, o conflito é normal e uma valiosa experiência de aprendizagem para todos nós, pois ajuda-nos a ajudar as crianças a navegar pelos obstáculos que lhe surgirão na vida. Mas, para fazer isto, não podemos esquecer algo muito importante, devemos tornar-nos conscientes dos sentimentos e preconceitos que trazemos connosco em relação aos conflitos que encontramos na vida, o que implica termos de nos esforçar para ser objetivos e presentes em relação ao que se manifesta no momento do conflito.
Como educadores e pais, podemos e devemos ajudar as crianças a ter ferramentas importantes para a vida, e isso também implica aceitar o conflito dentro de nós mesmos, como sendo uma parte normal da infância, adolescência e vida adulta.
A verdade, é que no esforço conjunto de manter a Maria feliz e protegida, os pais privaram-na das ferramentas básicas que a ajudariam a enfrentar o mundo - partilha, paciência, esperar a sua vez, lidar com a frustração ou medo, resolver problemas, o conflito em geral. E daí a sua reação, muito comum numa criança da sua idade, mas que tanto chocou a mãe e que esta tentou de imediato reprimir. Quando na verdade a Maria apenas reagiu como podia, expressou por duas vezes a sua incapacidade de gerir todas as emoções que a assolavam nessa manhã, emoções estss completamente novas para si.
E agora para tranquilizar todos, a Maria e o menino têm uma linda relação ( dentro dos limites da sua idade), e por vezes a Maria (hoje com três anos e pouco) ainda morde. Especialmente quando está muito feliz, o beijo vira dentada, especialmente nos amiguinhos de quem gosta mais. Mas hoje são esses amiguinhos que a ajudam também a travar esse comportamento, dizendo: -"Pára!", antecipadamente. Mas como chegaram aqui? Iremos contar mais à frente.
Como nos diz Winnicott: "Se a sociedade está em perigo, não é por causa da agressividade do homem, mas por causa da repressão da agressividade pessoal nos indivíduos" .
Por outras palavras, uma extrema aversão e falta de aceitação da agressão como parte da vida - e uma correspondente incapacidade de lidar com o conflito - pode realmente levar a formas distorcidas de agressão que podem prejudicar indivíduos, famílias e todo o tecido social. Além disso, a falta de autenticidade que acompanha essa negação da agressão pode resultar em crianças e adultos que sofrem de ansiedade, depressão, e outras doenças semelhantes. Ou seja, é preferível aprendermos a lidar com este fenómeno natural, para que as nossas casas, salas escolares e comunidade não fiquem cheias de crianças cujos pais e professores, bem-intencionados, estão involuntariamente a criar confusão, e mais dano que ajuda.
A situação, infeliz mas comum, descrita acima começa muitas vezes com pais e adultos que, silenciosamente e nas melhores das intenções, limpam o caminho das Marias e Manuéis de todos os obstáculos e frustrações. Uma criança que nunca se frustou ou teve de tentar resolver um problema sozinha - mesmo um tão simples recuperar de um brinquedo que ficou fora de alcance, ou chorar quando se magoa, vai ter muita dificuldade em gerir as suas emoções. E é disso que falamos: - todo o comportamento é comunicação de emoções.
Sob esta luz, por muito estranho que possa parecer, criar um ambiente livre de frustrações para uma criança pequena pode ser visto como uma forma de desrespeito – algo que aliena a criança de seu eu mais verdadeiro. É claro que devemos proteger e nutrir os nossos filhos pequenos; mas quando tentamos o impossível: - eliminar até mesmo as mais pequenas perturbações e desafios - querendo que tudo seja fácil e feliz - podemos criar uma sensação de desamparo na criança que a impede de desenvolver confiança na sua própria força e habilidades emergentes . Essa sensação de desamparo/dependência pode lançar um véu de incerteza sobre as suas interações com a vida e é, de fato, uma avaliação falsa de tudo o que ela realmente é capaz de fazer e da sua capacidade de expressar emoções.
Sabemos que é muito comum os pais sentirem que estão a fazer algo errado e/ou que o comportamento do filho reflete mal neles, especialmente porque morder, arranhar, empurrar etc. são comportamentos que muitas vezes despertam fortes sentimentos negativos (e às vezes até medo) nos adultos. Mas quando o comportamento de uma criança é difícil ou inesperado, e resulta em adultos preocupado e que se focam em reforçar as regras e expectativas, distraímos a nossa atenção do que é importante, de como as emoções, um brilhante sistema de comunicação, estão a guiar a criança por dentro. Como reagimos a uma criança quando o seu comportamento é alimentado pelas emoções é fundamental para ajudá-la a se tornar mais madura – e por isso temos de ter muita atenção porque muitas práticas “disciplinares” podem piorar as coisas e alimentar o comportamento de frustração, deixando todos os envolvidos numa situação ainda mais difícil.
Como nos diz a Dr.McNamara: "A saúde emocional não pode ser alcançada se as emoções não poderem ser expressas. A força que elas exercem compele-as a sair de nós de alguma forma. As crianças pequenas estão apenas a aprender sobre as suas emoções e, naturalmente, muitas vezes ficam sem ( ou não possuem ainda) palavras ou qualquer percepção do que estão a sentir. Com a maturidade, devemos adquirir um vocabulário que corresponda aos nossos sentimentos e usá-lo para comunicá-los de maneiras (esperamos) mais respeitosas. Mas este é o objetivo final e nunca o ponto de partida. É aqui que os pais e cuidadores devem entrar e ajudar a ensinar não apenas palavras, mas a linguagem do coração."
Como dissemos: morder, arranhar, beliscar, empurrar, etc., é muito comum na primeira infância. Isto porque as crianças pequenas ainda estão nos estágios iniciais de aprender a comunicar verbalmente. A acrescentar a isso temos o fato de que têm pouco ou nenhum controlo dos seus impulsos e habilidades sociais muito imaturas, o que resulta muitas vezes numa resposta física instintiva (ou seja, bater, pontapear, morder, puxar o cabelo, arranhar, atirar com coisas, etc.) em situações onde estão frustradas, zangadas, excitadas, assustadas ou apenas cansadas e indispostas.
Muitos pais perguntam-se por vezes onde terá a criança aprendido o comportamento, porque não perceberam ainda que é uma reação normal e apropriada para a idade, embora indesejável.
Esta é uma realidade que muitos adultos continuam ser perceber. As crianças pequenas não conseguem regular as suas emoções devido a terem os cérebros imaturos. Leva cerca de cinco a sete anos de desenvolvimento saudável do cérebro para criar os caminhos neuronais necessários para integrar emoções fortes e fornecer controle de impulsos. Até então, os adultos, e não os cérebros pequeninos, são o único agente moderador que as crianças têm para ajudar a regular as suas emoções e comportamento. O foco do nosso trabalho é impedi-las de se ferir a si mesmas ou aos outros com reações impulsivas, e nunca proibi-las de ter sentimentos ou expressá-las. Métodos como a punição por separação, reter afeto ou repreender são soluções que não resolvem nada a longo prazo e servem apenas para cultivar uma incerteza mais profunda sobre a relação com o adulto.
Cabe a nós, como adultos, criar uma atmosfera que, na medida do possível, promova a paz e a determinação - e, é claro, modelar a paz em nós mesmos. E se as crianças pequenas forem colocadas em situações que lhes possa causar stress, frustração ou confusão, como todas as quais em que não sabem o que esperar, cabe ao adulto antecipar que seja natural que conflitos e frustrações possam surgir. E temos de ter presente que cada criança traz consigo níveis variados de habilidades para enfrentar essas situações no seu dia a dia, e não esperar que todas reajam da mesma forma, perante situações idênticas.
Por isso a única solução para estas situações é supervisão!
Quando temos uma criança que tem demonstrado agir fisicamente em determinada situação, é fundamental permanecer em contato visual com ela sempre que estiver com outras crianças. É mais fácil dizer do que fazer, nós sabemos, mas é importante não deixar crianças pequenas sozinhas com uma criança que está a lutar contra a agressão física. Alguns passos que podemos tomar são levar a criança connosco quando tivermos que sair do espaço, levar a outra criança/crianças connosco ou, em certas situações, usar grades para separar as áreas para poder separar as crianças enquanto brincam quando temos que estar fora do alcance visual momentaneamente. Isto acontece muito com irmãos em casa também.
A intervenção consistente de um adulto observador, de preferência antes que a situação se transforme em agressão física, é essencial para proteger as crianças. Quando vemos que a criança está a dirigir-se para uma resposta física a uma situação, lembrá-la de usar as palavras ou oferecer uma solução para o problema geralmente ajuda a evitar um ataque. Mas se a criança já começou a se tornar física, lembrá-la de "Usar mãos gentis" pode não ser um alerta suficiente de que ela está a ir na direção errada e dar a oportunidade de se redirecionar. Se a situação está na eminência de acontecer muitas vezes só um grito ou o nos colocarmos rapidamente entre as crianças poderá impedir a agressão de acontecer. Por muito que nos custe, gritar: "-Pára" ou "Não te vou deixar bater no mano (ou o que for)", pode ser a única solução. Sugerir opções alternativas equipa a criança com ferramentas necessárias para lidar com os seus sentimentos de maneira aceitável, mas como em tudo a observação é tudo para perceber o que deve/pode ser feito no momento.
Por isso apostemos na prevenção. Se arranhar ou morder são problemas, certificarmo-nos de que a criança mantém as unhas aparadas e tentar ficar em cima das dores da dentição, são boas ajudas. Quando se trata de dentição, as crianças pequenas estão frequentemente a lidar com gengivas inchadas, um dente que está começando a nascer ou de um que acabou de nascer, então estar ciente disso e usar colares de âmbar, manter um suprimento de panos húmidos e congelados disponíveis, ou alimentos bons de roer quando necessário são bons preventivos para o morder.
Redirecionar. Se bater, morder, arranhar, etc. for o resultado de excesso de excitação ou frustração, podemos sempre lembrar consistentemente de “usar as mãos delicadas, ou que “Os dentes são para sorrir, podes me mostrar o teu sorriso?" e oferecer alternativas específicas, como bater palmas ou com os pés no chão para mostrar as suas emoções, e isto ajudará a redirecioná-los para expressões mais apropriadas das grandes emoções.
Outra situação muito comum é com objectos pessoais da criança. Respeitar o que é da criança ajuda-a a compartilhar, por isso devemos dar-lhes sempre a oportunidade de escolher. Assim a criança sentirá que tem o controle do que precisa ou não de ser compartilhado, e é um passo proativo para que uma criança se sinta mais controlo do seu corpo e dos seus impulsos. Se surgir uma situação em que a criança não está disposta a compartilhar algo, ela pode ter a opção de colocar esse brinquedo numa caixa de brinquedos 'especial', se tiver por exemplo visitas em casa; se for no exterior levar um brinquedo especificamente para emprestar e ficar com o seu especial, etc.
E outro factor que não podemos esquecer são as expectativas. É importante em todos os aspectos da parentalidade dar um passo para trás e examinar as nossas expectativas para ter certeza de que elas são razoáveis em relação à idade e estágio de desenvolvimento, tal como temperamento da criança, etc. Independentemente de serem da mesma idade do primo, vizinho ou coleguinha, cada criança está no seu processo de desenvolvimento e esperar reações iguais de crianças diferentes, é desrespeitar a individualidade da criança.
E nos espaços infantis?
Como educadoras dos primeiro anos vivemos esta realidade frequentemente principalmente no início do ano. Além de termos sempre presentes as estratégias acima descritas. A estratégia que mais vezes usamos com sucesso é o redirecionamento como abordagem para resolver conflitos entre as crianças. Quando duas crianças insistem em brincar com o mesmo brinquedo ao mesmo tempo, o adulto pode pegar noutro brinquedo semelhante ou complementar e sugerir como podem brincar com eles. Mas isto ocorre sem um longo discurso sobre a importância de compartilhar, ou uma indicação de que cada criança deve brincar com o brinquedo durante um certo tempo e depois trocar. Nós adultos devemos estar cientes de que crianças tão pequenas simplesmente não conseguem compartilhar, e por isso trabalhamos para redirecionar as crianças. E ter vários brinquedos iguais e semelhantes ajuda muita a evitar estes conflitos.
Outro factor é manter um ritmo diário forte e saudável numa sala o que ajuda muito a prevenir ou minimizar conflitos. O ritmo ajuda as crianças a saber o que esperar, a fazer uma transição suave de uma atividade para outra e evita que fiquem super estimuladas ou perdidas (condições que podem gerar conflito). O fluxo de atividades de cada dia é cuidadosamente pensado para permitir uma "inspiração" e "expiração" natural de foco e energia.
Especialmente nesta fase de regresso ou início do ano escolar as crianças muitas vezes estão em estado de alerta, pois estão a lidar com grandes mudanças na sua rotina. E é muito normal nós adultos esquecermo-nos que as crianças lutam para passar por estes dias e que o seu comportamento possivelmente fugirá ao "normal".
Mas deveremos trazer isso à consciência e ajudar pais e outros adultos a perceber que uma ação desagradável de uma qualquer criança é porque esta está temporariamente "fora de si" - e está a pedir ajuda - e que nosso papel e nossa resposta deve ser muito clara. Como adultos experientes e maduros, devemos passar por cima da situação (em vez de ficarmos presos nela) e fornecer assistência a ambas as crianças.
Devemos repetidamente nos lembrar de que o comportamento desafiador é um pedido de ajuda de uma criança que está perdida nas suas emoções. Como tal é ridículo levar esse comportamento para o lado pessoal. Não é por ser com aquela criança, ou porque embirra com alguém, ou porque nos está a desafiar... Devemos sempre observar pela perspectiva da criança, perceber o que levou aquela situação e o que poderá ela estar a sentir. Fazer este exercício dá-nos a paciência, a confiança e a calma de que precisamos para poder ajudar na situação.
A assistência de que a criança nesta situação precisa é a de ter um porto seguro, uma âncora inabalável – a nossa presença paciente e empática enquanto ela navega em segurança nessa onda de frustração, ansiedade, excitação, ou o que seja.
Quando a onda passar, ela precisa que reconheçamos os seus sentimentos, e é importante "nomear para domar" como nos diz o Dr.Dan Siegel, ajudá-la a reconhecer os nomes das suas emoções. Entendamos e deixemos a situação passar para que ela também o possa fazer. Afinal, como podemos culpar uma criança de uma acção, quando os seus impulsos são maiores do que ela?
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