A 6 de janeiro, Dia de Reis, também chamado de Epifania, celebra-se a adoração do Menino Jesus pelos Três Reis Magos do Oriente. A partir de 6 de janeiro, inicia-se o período da Epifania, que se estende até à Candelária, a 2 de fevereiro.
Epifania é uma palavra que se refere ao momento em que os Três Reis Magos visitaram o Menino Jesus após o seu nascimento.
Para Rudolf Steiner, filósofo e teórico da educação, criador da pedagogia Waldorf, a Epifania é um momento simbólico que representa a revelação da divindade na humanidade. Steiner acreditava que a Epifania era um símbolo do despertar da consciência espiritual na humanidade e da necessidade de buscar a verdade e a sabedoria. Ele também acreditava que a Epifania representava o início da jornada espiritual de cada pessoa, uma vez que cada um de nós é chamado a seguir o exemplo dos Três Reis Magos e buscar a divindade na sua própria vida.
A chegada dos Três Reis é então útil no nosso caminho pessoal. Vem com a mensagem: segue a tua estrela interior, encontra a tua força interior e sê rei de ti mesmo!
Sendo assim, a Epifania, para quem segue a Antroposofia e a Pedagogia Waldorf, é o momento de celebrar o novo ano. Um momento importante para reflexão e introspecção, onde é aconselhável as pessoas dedicarem algum tempo para se conectarem com a sua própria espiritualidade e encontrarem o seu propósito na vida.
Steiner acreditava que a Epifania pode ser um momento de renovação e transformação, e que cada um poderia encontrar significado e propósito através da busca da divindade em si mesmo.
Ao observarmos esta visão cristã da Epifania, poderemos encontrar a base para a tradição secular das resoluções de Ano Novo, que são promessas ou metas que as pessoas fazem para si mesmas no início de um novo ano. Na maioria das vezes, também as resoluções de Ano Novo são feitas com o objetivo de fazer mudanças positivas na vida ou alcançar metas pessoais.
Esta tradição é comemorada em muitas partes do mundo, geralmente no dia 6 de janeiro, e é considerada em todas elas um momento importante para reflexão e introspecção.
Na América Latina, o Dia de Reis é uma das principais festividades do ano e é comemorado com muita alegria e celebração. As pessoas geralmente reúnem-se com a família e os amigos para comer, dançar e brincar. Também é comum que as pessoas participem em procissões ou desfiles em honra aos Três Reis Magos.
Na Europa, o Dia de Reis é comemorado de maneiras ligeiramente diferentes de país para país. Em alguns lugares, as pessoas trocam presentes como uma homenagem aos Três Reis Magos. Noutros lugares, as pessoas participam em procissões ou desfiles, e algumas igrejas realizam serviços especiais para marcar a ocasião, como o cantar das janeiras.
Há também muitos festivais que ocorrem na Ásia que celebram a Epifania ou o início do Ano Novo. Alguns exemplos incluem Tết, Losar, Seollal e Setsubun. Tết é o festival do Ano Novo chinês, celebrado em muitos países da Ásia, incluindo Vietnam, China, Tailândia, Malásia e muitos outros. O Tết é celebrado no primeiro dia do primeiro mês lunar do ano e é um momento de homenagear os ancestrais e desejar boa sorte para o próximo ano. Losar é o festival do Ano Novo tibetano, celebrado no primeiro mês lunar do ano, sendo um momento para fazer oferendas aos deuses e para passar tempo com a família e amigos. Seollal é o festival do Ano Novo coreano, celebrado no primeiro dia do primeiro mês lunar do ano, sendo um momento para homenagear os ancestrais e desejar boa sorte para o próximo ano. Setsubun é um festival japonês que marca o final do inverno e o início da primavera, celebrado no dia 3 de fevereiro, incluindo o lançamento de sementes de feijão para afastar os demónios e atrair a sorte para o próximo ano.
Estes são apenas alguns exemplos de festivais que ocorrem na Ásia e que celebram a Epifania ou o início do Ano Novo.
Então o que nos conta a história dos três Reis Magos?
Na noite do nascimento do menino Jesus, uma estrela brilhou sobre o estábulo. Esse fenómeno natural foi tão especial e luminoso que três reis de países distantes no Oriente conseguiram observar esse fenómeno. Gaspar, Belchior (também conhecido por Melchior) e Baltasar souberam assim do nascimento profetizado do Messias e decidiram ir ver o bebé. Os reis seguiram a estrela e foram adorar o rei recém-nascido, oferecendo-lhe três presentes: ouro, mirra e incenso. O ouro simboliza a realeza terrena e a visão do divino; o incenso, a divindade de Jesus e a disposição para o sacrifício; e a mirra, a conexão da alma com o imortal.
Os reis também são chamados de Sábios ou Magos do Oriente, porque segundo a Bíblia, eles eram mágicos, o que hoje chamaríamos de astrólogos. A igreja assumiu que eram homens, e os seus nomes mudaram várias vezes ao longo da história. Diz-se que os reis tinham 20, 40 e 60 anos respectivamente, simbolizando os diferentes estágios de maturidade.
Surgiu então a tradição, ainda muito presente nos países nórdicos, por parte da Igreja, de abençoar as casas no dia 6 de janeiro, escrevendo 20+C+M+B+23 ao lado da porta com giz. Os números representam o ano atual e as letras para Cristo Mansionem Benedicat (Cristo abençoe esta casa). As cruzes de Cristo separam os sinais. Às vezes, é dito que os nomes dos reis originaram dessa abreviatura (Casper, Melchior e Balthasar).
imagem de: https://onepeterfive.com/the-chalking-of-the-doors-an-epiphany-tradition-explained/
TRADIÇÕES DESTA ÉPOCA:
Em vários lugares do mundo, grupos de crianças e, às vezes, de adultos andam de porta em porta a cantar, durante esta época. Em Portugal, temos a tradição das Janeiras.
“O Menino Mija” é uma tradição que desperta curiosidade. Entre os dias 24 de Dezembro e 6 de Janeiro, Dia dos Reis, nos Açores, terra da Felipa, grupos de homens e mulheres visitam as casas de familiares e amigos. Esta visita é marcada principalmente pela degustação de doces e licores tradicionais da época e região. As pessoas preparam as mesas de suas casas com o melhor que têm para oferecer. Ao chegar, os visitantes perguntam “o menino mija?”, uma expressão que indica o desejo de provar os saborosos doces de Natal e beber “calzins” – a expressão açoriana para copos de bebidas alcoólicas.
Nas nossas casas e escolas, reunimos as famílias, sempre que possível, e comemos bolo Rei todos os anos, muitas vezes feito por nós com as crianças. Tradicionalmente, esconde-se uma fava seca no bolo. Quem encontra a fava torna-se o rei, podendo inventar algo divertido para o dia ou, em alguns casos, assumir a responsabilidade de preparar o bolo no ano seguinte. Esta tradição, com pequenas variações, é comum em toda a Europa.
A fava usada no Bolo Rei origina-se de uma tradição germânica comum na festa da Epifania. Na Alemanha, a Epifania é também chamada de Perchtennacht, em homenagem à deusa germânica Perchta (Berta), que trouxe luz ao final das 12 noites santas, de 25 de Dezembro a 6 de Janeiro. Perchta é frequentemente identificada com outras figuras femininas do folclore alemão, como Holda.
Jacob Grimm descreve Perchta como a prima do sul da Alemanha de Holda, compartilhando o papel de "guardiãs das feras" e aparecendo durante os Doze Dias do Natal, quando supervisionam o fiar da lã.
Durante a Perchtennacht, Perchta cavalga pelos céus como a Deusa da 'caça selvagem ou das feras'. Nesta época, o povo jejuava até 6 de janeiro, evitando especialmente leguminosas. No dia 6 de janeiro, frutas e legumes eram oferecidos a Perchta para celebrar o retorno do sol.
A fava simboliza o germe da nova vida que o menino Jesus e o novo ano solar nos trazem. Em algumas famílias e nas Escolas Waldorf, o rei pode escolher a comida, não realizar tarefas, ser o chefe da casa ou sala, ou planejar um passeio divertido para o próximo ano.
Nas escolas primárias Waldorf, é comum a representação do Auto dos Três Reis Magos pelos professores e funcionários para as famílias e alunos.
Para muitos, a Epifania marca o fim da quadra natalícia, momento de retirar a árvore de Natal de casa, desmanchá-la e guardar as decorações para o ano seguinte.
Mas, como já sabem, estamos sempre prontos para celebrar! Afinal, o que seria da vida sem celebrações?
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BOM ANO!
A SENHORA HOLLE
A história "A Senhora Holle" (também conhecida como "Dona Flocos de Neve"), dos Irmãos Grimm, narra a aventura de duas irmãs com personalidades e destinos contrastantes. A mais jovem, diligente e bondosa, após um acidente com sua bobina de fiar, encontra-se num mundo mágico onde ajuda os elementos da natureza e a misteriosa Senhora Holle. Como recompensa pela sua diligência, ela é coberta de ouro. Já a irmã mais velha, preguiçosa e desonesta, segue o mesmo caminho mas falha nas suas tarefas, sendo punida com alcatrão. A história transmite uma mensagem sobre a importância da bondade e do trabalho duro.
Para ler a história completa, podes visitar o site dos Contos dos Irmãos Grimm: [A Senhora Holle (Dona Flocos de Neve)](https://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/dona_ola).
MÚSICAS desta época:
1. Outra compilação de "Canções de Natal" também está disponível no YouTube. Esta seleção inclui várias músicas tradicionais e populares. O link para esta coleção é: (https://www.youtube.com/watch?v=MESAey6fD7I).
2. "Janeiras" - Uma canção tradicional de Ano Novo em Portugal, disponível no YouTube. (https://www.youtube.com/watch?v=MG38v017A1M).
3. "Vamos cantar as janeiras - cantar os reis" - Outra música popular de "As Janeiras", também disponível no YouTube. O link para esta canção :(https://www.youtube.com/watch?v=A_TskbK8ZEw).
4. "Cantar as janeiras - Uma linda tradição portuguesa em inícios do ano" - Esta é mais uma opção para ouvir músicas relacionadas à tradição das Janeiras em Portugal. O link para esta música (https://www.youtube.com/watch?v=Sw9rQ6NjSSY).
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