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Pequenos Passos, Grandes Conquistas: A Evolução da Autonomia na Infância

Atualizado: 9 de jan.


Desde que nasce, a criança começa a sua busca da independência. Vemos isso quando a vemos tentar se alimentar, quando mais tarde insiste em tentar calçar os sapatos, vestir a roupa, quer escolher o que vestir, abrir a torneira, a porta, carregar nos botões do elevador, ou colocar o cinto da cadeira do carro.


Esta busca da independência acontece quando as necessidades de apego de uma criança são atendidas. Quando já não necessita de garantir a sua segurança física e emocional, a energia da criança leva-a então a explorar, a ser interessada e curiosa, a começar a formar as suas próprias ideias e até a estabelecer algumas metas.


Quando chega aos dois, três anos, esta vontade é expressa com o “eu faço”, "agora eu!" e "eu sozinha" (ou o nome da criança quando ainda não diz "Eu").


Este marco surge porque a sua maior necessidade, a de conexão/vinculação, segurança, pertença, calor físico e anímico, foram bem sucedidas, e então está na altura de uma nova conquista. Só quando uma criança tem a garantia de um relacionamento forte, e está bem ancorada aos seus adultos significativos, sente esse impulso interno de avançar no mundo. É portanto uma vinculação segura que permite que a criança queira se tornar a sua própria pessoa, e comece a buscar as suas preferências, iniciativas e, mais tarde, ideias.


Então, quando escutamos uma criança pequena a dizer-nos que quer “fazer eu mesmo”, ela está a tentar expandir os limites de quem ela é. E é altura de celebrar!


Como pais e/ou educadores, uns dos valores fundamentais que defendemos para as nossas crianças são a independência e responsabilidade. Mas a verdade é que estes mesmos valores não são algo que podemos ensinar a uma criança, mas podemos, no entanto, facilitar ou bloquear o seu desenvolvimento.


Portanto, se queremos que a criança se desenvolva e descubra o que ela realmente pode fazer, então temos: primeiro de suprir as suas necessidades básicas, e segundo, quando ela estiver segura no nosso amor e da nossa confiança na sua capacidade inata, chegará então o dia em que ela dirá com ar de desafio e confiança: ‘Não, eu faço sozinha’.


Acreditamos que o objetivo comum da parentalidade é ajudar os nossos filhos a se tornarem seres humanos independentes e autónomos. E sabemos que todas as pequenas oportunidades para desenvolver a independência são fundamentais para construir o sentido de si e de auto-estima, já para não falar de tolerância à frustração e a capacidade de perseverança. Ainda assim, observamos diariamente como aos adultos em geral, é-lhes difícil não pensar numa criança a pegar num banquinho para tentar chegar à bancada e servir um copo de água do jarro, sem expressar um grito interno ou externo de pânico.


Sim, todos sabemos que deixar crianças pequenas realizar tarefas geralmente significa que essa tarefa levará o dobro do tempo – e será três vezes mais desafiante, e possivelmente poderá acabar com um balde e esfregona. E sabemos que pode ser difícil ficar a observar enquanto a criança tenta, falha e se frustra ou fica desiludida quando não está a conseguir o seu objetivo. Mas é fundamental que ultrapassemos esses nossos desafios, se queremos apoiar os desafios das nossas crianças.


Mas voltemos um pouco atrás... Como começa então esta vontade interna de independência? Há um dia em que a criança acorda e decide ser independente? Ou é um processo construtivo?


Todos sabemos que os bebés são orientados inicialmente pelos sentidos, e que uma das primeiras facetas da sua identidade a ser desenvolvida é a consciência do seu eu físico — o seu próprio corpo.


E já todos observamos como os bebés ficam fascinados a brincar com as suas próprias mãos e pés, alternadamente tocando, movendo e olhando para estes. E, nos primeiros 3 anos de vida de uma criança, são então repletos de aprendizagens, que começam com o domínio das novas habilidades físicas. Podemos ver a satisfação da criança ao praticar as novas habilidades, vezes sem conta, só pelo puro prazer de as conseguir fazer. No entanto, essa satisfação é reflexo de outra capacidade que elas estão a desenvolver: - a percepção/imagem de si, através da visão do outro de mim. E a liberdade através da não intervenção, o entusiasmo e o prazer que os adultos familiares permitirem durante os primeiros marcos físicos, é fundamental no criar essa imagem da auto-competência da criança.


Esses atributos e habilidades físicas compõem uma grande parte da percepção das crianças sobre si mesmas. Todos sabemos que se perguntarmos a crianças em idade pré-escolar sobre si mesmas, as suas respostas focar-se-ão, quase exclusivamente, na aparência/características físicas, no que gostam de fazer/brincar e o que podem fazer fisicamente.


Pois este é o reflexo da sua auto-avaliação, que nos mostra como as crianças incorporam em si quem são e do que são capazes. E isto começa muito cedo.


Começa em como um pai ou cuidador aplaude (não necessariamente no sentido literal) as suas realizações e contribui para um sentimento de orgulho, ou se, por outro lado, não lhe permite fazer por si, critica o comportamento da criança, e contribui assim para um sentimento de não competência. O que queremos chamar à atenção é que como pais e cuidadores comunicam o seu próprio sentido e imagem da competência da criança à criança, influencia como este sentido de si é incorporado, tal como a sua confiança própria e auto-estima.


E já todos ouvimos e/ou lemos a expressão da criança: - "Olha para mim!", aqu

ela expressão radiante das crianças pequenas quando compartilham a sua crescente compreensão de si mesmas como seres humanos capazes.


E, repara, como para andar o bebé precisa de conquistar muitas habilidades, incluindo equilíbrio, coordenação, ficar em pé e ser capaz de suportar o peso do seu corpo de uma perna para a outra. Cada nova habilidade que desenvolve baseia-se nas habilidades anteriores que aprendeu. E à medida que cresce, essas habilidades que ele aprende ficarão cada vez mais complexas.


Enquanto o bebé estava ocupado a gatinhar e puxar/empurrar para ficar de pé, depois a lançar-se entre os móveis, ele estava a construir valiosa força muscular e habilidades como equilíbrio e coordenação, que são necessárias para caminhar e, mais tarde, correr. E porque é importante ele fazê-lo por si e ao seu ritmo?


Se esta atividade foi espontânea e a criança teve a iniciativa dos seus próprios movimentos, fazendo uso de suas capacidades pessoais e, tendo assim tornado-se menos dependente dos adultos ao seu redor, a criança encontra então dentro de si as sensações sensório-motoras que lhe dão a primeira experiência que a criança tem de Ser, de sentir-se um ser independente.


Sabemos que toda a figura parental tem como foco manter o seu filho seguro. E sim, a supervisão e precauções de segurança, como janelas abertas de fácil acesso, tomadas elétricas, e produtos tóxicos, e movimentos que coloquem a criança em perigo, são importantes. Mas temos simultaneamente de querer providenciar à criança oportunidades de explorar. Isso significa sim uma supervisão próxima, mas com a possibilidade de desfrutar o seu corpo, ambientes, objetos e situações diferentes por si mesma.


Desde o início da exploração do movimento próprio, compete aos adultos dar às crianças espaço e liberdade para investigar por si mesmas sem interferir, este é um processo que é uma parte integrante da imagem que a criança criará de si como um ser humano capaz, com recursos internos.


Explorar o mundo interior e exterior – com maior ou menor supervisão, é claro – é fundamental para o desenvolvimento emocional, social e físico das crianças. Eles aprendem mais sobre elas mesmas e o mundo, e como ele funciona.


Explorar por si dá às crianças a possibilidade de trabalhar habilidades motoras importantes. Seja gatinhar, rastejar, rolar, subir as escadas, ou mais tarde chutar uma bola, vestir-se sozinha, calçar os sapatos ou servir-se de um copo de água. Elas, ao terem a possibilidade de persistir até acertar, conquistam uma confiança em si que lhes permitirá futuramente buscar dentro de si as forças para qualquer desafio. Pois ela não está apenas a construir o seu corpo e habilidades, mas está também a aumentar o seu sentido de confiança e competência. Por outras palavras, elas começam a interiorizar: "Eu sou capaz!"


E se, como pais e educadores, queremos criar crianças que sintam uma sensação interior de estabilidade e autenticidade, que possam lidar com as decepções e perdas da vida, que se conheçam a si mesmos e que se importam profundamente com os outros e consigo mesmas, temos, desde cedo, de aprender a controlar os nossos impulsos de controlo e deixar a criança fazer o seu caminho ao seu ritmo, sem comparações e intervenções.


Sabemos que é difícil, às vezes, mas, como pais e educadores, temos que aprender a recuar e deixar as nossas crianças descobrirem ao seu ritmo e por si.


E se a criança te diz muitas vezes: "eu consigo", "agora eu", etc.! Pára, recua e observa se não estás a impedir uma oportunidade de ela fazer por si e se sentir capaz, e possivelmente vais te surpreender: não é que ela, consegue mesmo!



Como começa então esta vontade interna de independência? Há um dia em que a criança acorda e decide ser independente? Ou é um processo construtivo? Todos sabemos que os bebés são orientados inicialmente pelos sentidos, e que uma das primeiras facetas da sua identidade a ser desenvolvida é a consciência do seu eu físico — o seu próprio corpo. E já todos observamos como os bebés ficam fascinados a brincar com as suas próprias mãos e pés, alternadamente tocando, movendo e olhando para estes. E, os primeiros 3 anos de vida de uma criança, são então repletos de aprendizagens, que começam com o domínio das novas habilidades físicas. Podemos ver a satisfação da criança ao praticar as novas habilidades, vezes sem conta, só pelo puro prazer de as conseguir fazer. No entanto, essa satisfação é reflexo de outra capacidade que elas estão a desenvolver: - a percepção/imagem de si, através da visão do outro de mim. E a liberdade através da não intervenção, o entusiasmo e o prazer que os adultos familiares permitirem durante os primeiros marcos físicos, é fundamental no criar essa imagem da auto-competência da criança. Esses atributos e habilidades físicas compõem uma grande parte da percepção das crianças sobre si mesmas. Todos sabemos que se perguntarmos a crianças em idade dita pré-escolar sobre si mesmas, as suas respostas focar-se-ão, quase exclusivamente, na aparência/características físicas, no que gostam de fazer/brincar e o que podem fazer fisicamente. Pois este é o reflexo da sua auto-avaliação, que nos mostra como as crianças incorporam em si quem são e do que são capazes. E isto começa muito cedo. Começa em como um pai ou cuidador aplaude (não necessariamente no sentido literal) as suas realizações e contribui para um sentimento de orgulho, ou se, por outro lado, não lhe permite fazer por si, critica o comportamento da criança, e contribui assim para um sentimento de não competência. O que queremos chamar à atenção é que como pais e cuidadores comunicam o seu próprio sentido e imagem da competência da criança à criança, influencia como este sentido de si é incorporado, tal como a sua confiança própria e auto-estima. E já todos ouvimos e/ou lêmos a expressão da criança: - "Olha para mim!", aquela expressão radiante das crianças pequenas quando compartilham a sua crescente compreensão de si mesmas como seres humanos capazes. E, repara, como para andar o bebé precisa de conquistar muitas habilidades, incluindo equilíbrio, coordenação, ficar em pé e ser capaz de suportar o peso do seu corpo de uma perna para a outra. Cada nova habilidade que desenvolve baseia-se nas habilidades anteriores que aprendeu. E à medida que cresce, essas habilidades que ele aprende ficarão cada vez mais complexas. Enquanto o bebé estava ocupado a gatinhar e puxar/empurrar para ficar de pé, depois a lançar-se entre os móveis, ele estava a construir valiosa força muscular e habilidades como equilíbrio e coordenação, que são necessárias para caminhar e, mais tarde, correr. E porque é importante ele fazê-lo por si e ao seu ritmo? Se esta atividade foi espontânea e a criança teve a iniciativa dos seus próprios movimentos, fazendo uso de suas capacidades pessoais e, tendo assim tornado-se menos dependente dos adultos ao seu redor, a criança encontra então dentro de si as sensações sensório-motoras que lhe dão a primeira experiência que a criança tem de Ser, de sentir-se um ser independente. Sabemos que toda a figura parental tem como foco manter o seu filho seguro. E sim, a supervisão e precauções de segurança, como janelas abertas de fácil acesso, tomadas elétricas, e produtos tóxicos, e movimentos que coloquem a criança em perigo, são importantes. Mas temos simultaneamente de querer providenciar à criança oportunidades de explorar. Isso significa sim uma supervisão próxima, mas com a possibilidade de desfrutar o seu corpo, ambientes, objetos e situações diferentes por si mesma. Desde o início da exploração do movimento próprio, compete aos adultos dar às crianças espaço e liberdade para investigar por si mesmas sem interferir, este é um processo que é uma parte integrante da imagem que a criança criará de si como um ser humano capaz, com recursos internos. Explorar o mundo interior e exterior – com maior ou menor supervisão, é claro – é fundamental para o desenvolvimento emocional, social e físico das crianças. Eles aprendem mais sobre elas mesmas e o mundo, e como ele funciona. Explorar por si dá às crianças a possibilidade de trabalhar habilidades motoras importantes. Seja gatinhar, rastejar, rolar, subir as escadas, ou mais tarde chutar uma bola, vestir-se sozinha, calçar os sapatos ou servir-se de um copo de água. Elas ao terem a possibilidade de persistir até acertar, conquistam uma confiança em si que lhes permitirá futuramente, buscar dentro de si as forças para qualquer desafio. Pois ela não está apenas a construir o seu corpo e habilidades, mas está também a aumentar o seu sentido de confiança e competência. Por outras palavras, elas começam a interiorizar: "Eu sou capaz!" E se, como pais e educadores, queremos criar crianças que sintam uma sensação interior de estabilidade e autenticidade, que possam lidar com as decepções e perdas da vida, que se conheçam a si mesmos e que se importam profundamente com os outros e consigo mesmas, temosnos desde cedo aprender a controlar os nossos impulsos de controlo e deixar a criança fazer o seu caminho ao seu ritmo, sem comparações e intervenções. Sabemos que é difícil, às vezes, mas, como pais e educadores, temos que aprender a recuar e deixar as nossas crianças descobrirem ao seu ritmo e por si. E se a criança te diz muitas vezes: "eu consigo", "agora eu", etc.! Pára, recua e observa se não estás a impedir uma oportunidade de ela fazer por si e se sentir capaz, e possivelmente vais te surpreender: não é que ela, consegue mesmo! Aqui ficam algumas investigações científicas sobre autonomia e independência infantil:


1. Cultura, Self e Autonomia: Bases para o Protagonismo Infantil - Este estudo explora a dimensão cultural e a constituição das subjetividades em crianças, enfatizando o papel da cultura como organizadora dos espaços de construção de significados. O estudo aborda a abordagem sociocultural construtivista e a importância da interação e negociação de significados em diferentes contextos, destacando a autonomia e a participação infantil como aspectos fundamentais para a análise da regulação das práticas sociais

2. Dependência X Autonomia Infantil: O Papel da Psicoterapia no Desenvolvimento Socioemocional de Crianças Imaturas - Esta pesquisa da Universidade Estadual de Londrina enfoca o papel da psicoterapia no desenvolvimento socioemocional de crianças com imaturidades, analisando o equilíbrio entre dependência e autonomia no processo de desenvolvimento infantil


Em INGLÊS:



1. "The principle of child autonomy: A rationale for the normative agenda of childhood studies" - Este estudo, publicado online a 28 de agosto de 2019, aborda a autonomia infantil como um princípio fundamental nos estudos da infância

2. "Autonomy Support in Toddlerhood: Similarities and Contrasts Between mothers and fathers" - Este estudo explora o suporte à autonomia durante a primeira infância, um tema menos estudado em bebés e crianças pequenas em comparação com crianças em idade escolar e adolescentes

3. "The Case for the Self-Driven Child" na Scientific American - Esta pesquisa sugere que um forte sentido de autonomia é chave para desenvolver uma auto-motivação saudável, permitindo que crianças e adolescentes persigam os seus objetivos com paixão.

4. "Parental Autonomy Support in the Context of Parent–Child Negotiation..." - Este estudo analisa como o suporte à autonomia dos pais é negociado e manifestado no contexto da mobilidade independente das crianças.

5. "Supporting Children’s Autonomy Early On: A Review of Studies Examining..." - Este capítulo revê estudos sobre o suporte à autonomia parental na primeira infância, descrevendo como tem sido medido e quais características e resultados têm sido associados a ele.


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