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Foto do escritorSara & Felipa Educa_são

Celebrar as épocas do ano: Pão por Deus, Halloween (Dia das Bruxas) e S.Martinho

Atualizado: 10 de jan.


Chegou o outono e com ele, muitas festas para celebrarmos, tal como gostamos!



Começamos pelo Pão por Deus, que é uma tradição portuguesa, que ganhou força após o grande terramoto de 1755, que aconteceu justamente a 1 de novembro, Dia de todos os Santos.

Nessa época, a fome e a miséria sentiam-se pela cidade e reforçou a necessidade de partilha de alimentos com os mais necessitados. As pessoas percorreram assim as ruas de Lisboa, batendo às portas e pedindo qualquer esmola, mesmo que fosse apenas pão. Em troca muitos pedintes receberam pão, bolos, vinho e outros alimentos para honrar os seus mortos e pedir pela sua alma.

Esta tradição de partilha, manteve-se ao logo do tempo, até aos dias de hoje, não só em Lisboa, mas por todo o país. Em algumas zonas também são feitas broas dos santos, ou bolinhos para oferecer a quem pede – por isso, este dia também é conhecido como o “Dia do Bolinho “.


Há algumas décadas, o Halloween ( Dia das Bruxas) era praticamente desconhecido em Portugal. Hoje, há bairros inteiros a mobilizar-se para tornar a noite de 31 de outubro numa festa para miúdos e graúdos, mascarados a exigir “doçuras ou travessuras”. Esta festa tem ganho adeptos de ano para ano.

Esta tradição tem origem nos antigos festivais celtas chamados Samhain, que marcavam a passagem de ano e a chegada do inverno.

Os celtas acreditavam que no início do inverno os mortos regressavam para visitar as suas casas e que assombrações surgiam para amaldiçoar os seus animais e as suas colheitas. Todos os símbolos que hoje são característicos do Halloween eram formas utilizadas pelos celtas para afastar esses maus espíritos.

A maioria dos símbolos característicos do Halloween possuem origem nos primórdios da tradição, enquanto outros foram acrescentados ao longo dos tempos. São eles:

As cores laranja e preto: O Halloween é associado com as cores laranja e preto pois o festival do Samhaim era comemorado no início do outono, quando as folhas se tornam laranjas e os dias são mais escuros.

Lanterna de abóbora: a lanterna de abóbora tem origem num conto celta sobre um rapaz que foi proibido de entrar no céu e no inferno e vaga eternamente com sua lanterna em busca de descanso. Essa tradição, de esculpir abóboras, teve início nos Estados Unidos. Antes, os países de origem celta talhavam nabos e inseriam velas no interior com o objetivo de afastar os espíritos.

Máscaras e fantasias: os celtas acreditavam que no dia do Samhaim, máscaras e fantasias ajudavam a enganar os espíritos, que não reconheciam os humanos e continuavam a vagar pelo mundo sem incomodar.

Morcegos: os festivais envolviam sempre o uso de fogueiras, que acabavam por atrair morcegos.

“Doce ou travessuras”: teve origem na Grã-Bretanha mas foi popularizado nos Estados Unidos nos anos 50. É essencialmente voltado para as crianças que, fantasiadas, batem de porta em porta a perguntar “doce ou travessura?”. Caso as pessoas não ofereçam nada, as crianças fazem alguma travessura na casa.



Nas escolas Waldorf, nesta época de outono é festejada a Festa da(s) Lanterna(s). É uma linda e delicada comemoração de origem europeia, que hoje é tradicionalmente celebrada em todas as escolas.

Esta festa coincide com a conhecida festa de São Martinho.

No final do outono, e com a chegada do inverno, as noites vão ficando mais longas, a natureza e o próprio homem dão início a um impulso de contração e interiorização. O frio convida à introspeção e à procura da nossa luz interior. A magia desse momento é vivenciada pelas crianças e pelos adultos que as cuidam através de músicas, contos e atividades típicas, como a construção de lanternas.

No dia da festa, as crianças percorrem a escola depois do pôr do sol carregando lanternas que ajudaram a confecionar ou confecionaram sozinhas, ouvem um conto, percorrem um caminho, saltam à fogueira e comem castanhas. A pequena lanterna, que levam com tanto zelo simboliza a luz de cada um, que precisa de ser cuidada, mas que também pode ajudar a iluminar o caminho do outro.

A chegada do outono traz uma sensação de frio quando nos referimos ao meio ambiente, mas em contrapartida também pode nos remeter a uma atmosfera de calor interno ao observarmos o movimento introspetivo que essa estação nos propõe. É justamente nessa época que a festa da lanterna acontece. Por isso, as crianças não precisam de compreender racionalmente o significado da comemoração, cabe-lhes apenas sentir a quietude que a natureza traz e ao mesmo tempo vivenciar, inconscientemente e livre de conceitos, a magia desse momento através de músicas, contos e atividades típicas. Quanto menor a criança, mais subtis deverão ser os gestos de pais e professores, despertando suavemente aquilo que vive em estado latente na alma humana, e espera ser despertado.

Na história contada nesta festa (ver em baixo), cada passagem ilustra um momento no percurso do desenvolvimento pessoal. A personagem principal é uma menina que caminha segurando uma lanterna, e logo no início é surpreendida pelo vento que apaga a sua luz. Esse momento simboliza a necessidade do ser humano de iniciar um caminho de autoconhecimento a fim de reencontrar-se com a sua luz interior. A lanterna acesa é como a consciência espiritualmente desperta, e não basta acendê-la: - É preciso mantê-la acesa. Vigiar para que a sua luz não se apague ao primeiro vento. E fazer assim como diz a canção: “No céu brilham estrelas, na Terra brilhamos nós”.

Tal como o navegante necessita das estrelas no céu para orientar-se quanto à sua rota, os seres espirituais esperam que nós, seres humanos, possamos luzir no nosso pensar, oferecendo-lhes a oportunidade e o meio de atuar na espiritualização da Terra.

Juntem-se às festas façam coisas simples e com significado, pois em tempos difíceis, quando as tempestades e os ventos da vida parecem apagar a chama interior da fé, deixando abaladas as nossas convicções sobre o sentido da vida, é essa luzinha interior que permanece acesa, que nos dá força, calor e coragem e essas qualidades são semeadas na infância, nesses pequenos momentos e comemorações.

Boas celebrações!



Lenda de S. Martinho

Segundo reza a lenda, num dia frio e tempestuoso de outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado a cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio.

O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a capa que envergava e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes. Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade.

Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente e como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade. Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias.

Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, a que se passou a chamar "verão de S. Martinho".




História da Menina da Lanterna

A Menina da Lanterna


Era uma vez uma menina que tinha uma lanterna muito brilhante. Chegou o vento forte, soprando e sibilando e a sua lanterna apagou-se.

- Oh! - queixou-se a menina. – Quem irá acender a minha lanterna?

Olhou, olhou, mas não encontrou ninguém.

- Quem se move por entre a folhagem,

quem anda com curtos passitos?

Quem desliza tão depressa

É um amiguinho com espinhos.

- Querido ouriço! - Exclamou a menina, - O vento apagou a minha lanterna. Quem ma poderá voltar a acender?

O ouriço respondeu:

- Eu não te poso ajudar,

tens outros a quem perguntar, não posso parar tenho os meus filhos p´ra cuidar.

E a menina seguiu o seu caminho até que encontrou um urso.

-Quem é este que tanto grunhe

no seu vestido castanho?

É um amigo peludo de considerável tamanho.

- Querido Urso, - disse a menina – o vento apagou a minha lanterna. Quem ma poderá voltar a acender?

E o urso respondeu:

- Eu não te posso ajudar, Tens outros a quem perguntar, Eu não posso aqui ficar tenho de ir descansar.

E a menina continuou o seu caminho, até que passou por uma raposa:

- Quem se move tão suave,

Quem desliza pela erva?

Quem se esconde tão atenta?

É a raposa astuta e esperta.


- Querida raposa, o vento apagou a minha lanterna, será que ma poderá voltar a acender?

- Eu não te posso ajudar,

À tua casa tens de voltar

Quero observar e escutar

Para de um golpe um rato caçar.


Então a menina sentou-se triste numa pedra e pensou:

- Ninguém me quer ajudar!

Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram pra ir perguntar ao sol, pois ele com certeza poderia ajudá-la.


Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu caminho.

Mas passado algum tempo, resolveu ir andando e, mais à frente, encontrou uma casinha. E lá dentro estava uma velhinha sentada, a fiar sua roca. A menina bateu à porta e quando a velhinha abriu a porta, perguntou-lhe:

- Sabes o caminho até ao sol? Queres vir comigo?

A velhinha respondeu:

- Não há tempo para passear,

tenho fios bem finos para fiar,

Mas senta-te ao meu lado um bocadinho,

espera-te um longo e distante caminho.

E a menina sentou-se, descansou, agradeceu, depois despediu-se e continuou o seu caminho. Até que chegou perto de outra casa, lá dentro viu um sapateiro a trabalhar no seu ofício. Então perguntou:

-Conheces o caminho até ao sol? Queres vir comigo?

E o Sapateiro respondeu:

- Com tantos sapatos para consertar

Não há tempo para passear.

Mas senta-te ao meu lado um bocadinho.

Espera-te um longo e difícil caminho.

E a menina sentou-se, descansou e agradeceu. Depois despediu-se e continuou a caminhar.

Bem lá longe avistou uma montanha muito alta e pensou:

- É lá em cima que mora o sol! - e correu que nem uma corça na sua direção

No meio do caminho, encontrou uma criança que jogava à bola e convidou-a:

- Vem comigo até ao sol!

Mas a criança nem respondeu. Preferiu continuar a brincar com sua bola e a saltitar pelo prado.

Então a menina continuou sozinha o seu caminho, subindo, subindo, pela encosta da montanha, até que chegou mesmo lá em cima. Mas mesmo quando chegou ao topo, ela não encontrou o Sol.

Sentou-se no chão à espera e estava tão cansada da sua longa caminhada, que os seus olhos se fecharam e ela adormeceu.

Já há algum tempo que o Sol observava a menina, e quando chegou o entardecer ele inclinou-se até ela e acendeu de novo a sua lanterna.

- Oh! A minha lanterna voltou a brilhar! – exclamou, e com um salto pôs-se alegremente a caminho.

Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse:

- Perdi a minha bola, não a consigo encontrar.

- Eu vou iluminar-te! - depressa encontraram a bola e a criança ficou a jogar e a cantar.

A menina continuou o seu caminho até o vale e chegou à casa do sapateiro.

- Apagou-se o lume. - Contou o sapateiro- as minha mãos ficaram geladas do frio, e eu não posso trabalhar.

- Eu acendo-te o lume! - disse a menina

O sapateiro agradeceu, aqueceu as mãos e recomeçou a trabalhar, a martelar e costurar os seus sapatos.

A menina continuou lentamente o seu caminho e chegou ao casebre da velhinha. Estava escuro lá dentro.

- A luz apagou-se - contou a velhinha - já há algum tempo que não posso fiar.

- Ah, eu acendo-te! - respondeu a menina.

A velhinha agradeceu, e logo sua roda girou, e ela recomeçou a fiar diligentemente.

Depois de algum tempo, a menina chegou ao campo e todos os animais acordaram com o brilho da sua lanterna. A raposa, espreitou e farejou para descobrir de onde vinha tanta luz. O urso bocejou, grunhiu enroscado na sua toca. O ouriço, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou:

- Que luz tão grande que há qui!

E a menina voltou feliz e cantando para a sua casa.




Música

EU VOU COM A MINHA LANTERNA

A MINHA LANTERNA COMIGO VAI.

NO CÉU AS ESTRELAS CINTILAM

CINTILAM NA TERRA AS LANTERNAS

(2X)

ELA ILUMINA O MEU CAMINHO

E ASSIM NUNCA VOU SOZINHO

QUANDO TUDO À VOLTA É ESCURO

CINTILA A LUZINHO NO FUNDO











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